A emoção de Alicia Pagez, moradora de Capilla del Monte, na província de Córdoba, no centro da Argentina, vai aumentando à medida que chegam fotos da noite anterior, quando ela esteve na serra local buscando objetos voadores não identificados (óvnis).
"Veja isso", diz sobre as imagens nas quais se veem umas luzes estranhas, com formas circulares e de cores fluorescentes.
"Não posso explicar o que vimos. No fim, ficamos tontos", acrescenta, exausta.
Nem ela nem eu temos certeza do que se vê nas fotos, mas claramente não se trata de um típico reflexo de luz.
É algo estranho. Algo que Pagez - e talvez eu - poderá acrescentar à longa lista de "coisas estranhas" vistas nesse povoado onde praticamente todos os habitantes podem contar sobre o dia em que, supostamente, viram um óvni.
"Aqui todo mundo viu um óvni alguma vez na vida", diz ela.
Capital mundial da observação de óvnis
Capilla del Monte, um pequeno povoado de dez mil habitantes no norte de Córdoba, é visitado por milhares de pessoas de todo o mundo em busca de experiências transcendentais, ufólogas ou espirituais.
O aviso que dá boas-vindas ao povo tem a figura de um extraterrestre verde, careca e com uma cabeça verde sobre um cartaz.
As lojas de suvenires vendem quartzos, incensos, livros sobre como harmonizar chacras e figurinhas do mesmo boneco alienígena de olhos redondos tomando fernet, uma bebida tradicional na região.
Uma vez ao ano se realiza aqui o Congresso Internacional de Onvilogia, um evento que reúne uma multidão que busca experiências holísticas e ufológicas em suas férias.
Agustín Galarza, por exemplo, viajou 600 quilômetros de Santa Fé para visitar o Centro de Informações de Óvnis localizado no pé das místicas serras que rodeiam Capilla.
"Acredito que é bom saber que não estamos sozinho", diz ele. "O governo precisa saber disso, e por isso esses tipos de lugar são importantes, para que estejamos mais bem informados."
O centro, fundado há 21 anos, fica numa pequena casa de pedras rodeada de jardins com flores e cactus sob a vigilância de uma estátua do extraterrestre verde com olhos negros e uma espécie de sorriso.
Luz Mary López é a colombiana de 23 anos que administra e dá palestras no centro.
"Aqui em Capilla se vendem muitos mitos sobre sujeitos, experiências e civilizações para além da humanidade, mas o que nós apresentamos é evidência documental de que os seres humanos não estão sozinhos", conta.
Na sala da casa, onde há um lugar para conferências e um estúdio para seu programa de rádio, há cartazes e recortes de jornais velhos e novos, locais e internacionais, das diferentes reportagens segundo as quais o mundo viu a passagem de extraterrestres.
São documentadas as linhas de Nazca, no Peru, por exemplo, assim como as pedras de Stonehenge, na Inglaterra.
E também há uma parede inteira que documenta o evento que originou toda essa história: a pegada de pássaro no monte Uritorco, a quatro quilômetros de Capilla del Monte.
Reza a lenda que um suposto óvni parou sobre uma das esplêndidas serras da região em 9 de janeiro de 1986 e deixou uma marca oval de 122 metros de largura por 64 de altura, que permaneceu no lugar por três anos.
Três pessoas que viviam próximo ao monte Pajarillo disseram ter visto nesta noite "uma nave redonda com janelinha", e depois "uma luz vermelha ofuscante" que iluminou a casa.
Os testemunhos foram divulgados no dia seguinte e a história cresceu como uma bola de neve. Foi narrada assim, como um fato, pela agência de notícias estatal, a Télam: "Um objeto voador não identificado de grande dimensões, cujas evoluções foram observadas por uma hora, desceu a ladeira de uma das colinas da Sierra del Pajarillo, a uns 12 quilômetros a noroeste de Capilla del Monte".
Com o tempo, surgiram teorias de que tratou-se de um incêndio provocado e controlado para promover Capilla como destino turístico ou que do teste de um míssil por parte do Exército.
Mas embora seja a mais importante, a história da pegada do pássaro é uma entre as muitas que se ouvem em Capilla del Monte sobre a presença de seres não identificados.
Outra, por exemplo, fala da existência da cidade de Erks, no centro do monte Uritorco, onde supostamente é guardado um "cetro" que foi confeccionado há 8 mil anos para um chefe dos Comechingón, a sociedade indígena que vivia na região e foi massacrada com a chegada dos espanhóis.
Acredita-se que neste cetro esteja a sabedoria da humanidade.
O que há no lugar, afinal?
Mas além do esoterismo, essas esplêndidas serras forradas de gramíneas têm algo de especial. Algo que talvez explique as luzes nas fotos que chegavam no celular de Alicia Pagez.
De um lado, alguns asseguram que a presença de materiais como quartzo, feldspatos e turmalinas nas rochas que compõem as serras podem gerar cargas que geram plasmas.
Mas para Edgardo Baldo, diretor do Centro de Pesquisas das Ciências da Terra da Universidade Nacional de Córdoba e talvez o geólogo que mais estudou estas regiões, "não há nada de especial nessas serras do ponto de vista puramente geológico".
"O monte Uritorco é feito de uma rocha muito comum, o granito, que tem entre seus componentes quartzo e mica, entre outras coisas. Mas todas as serras grandes de Córdoba têm essa mesma rocha, são os picos de echala (...) Não há anomalia de quartzo no Uritorco", explica.
O cientista lembra que há dois anos colegas do departamento de Física publicaram um estudo que explica as luzes como reflexo de veículos que passaram por uma estrada localizada bem atrás das serras.
"Mas na realidade, mesmo que tenha estudado a área por décadas, não saberia se as luzes realmente existem e como podem ser explicadas", conclui Blado.
Horacio Damián, um risonho camponês de chapéu e olhos pronunciados que vive sob as cavernas de Ongamira, no núcleo do suposto centro de energia, concorda.
"Isso não é para todos", diz. "Salvo as estrelas cadentes, nunca vi nada."
Fonte: Link
"Veja isso", diz sobre as imagens nas quais se veem umas luzes estranhas, com formas circulares e de cores fluorescentes.
"Não posso explicar o que vimos. No fim, ficamos tontos", acrescenta, exausta.
Nem ela nem eu temos certeza do que se vê nas fotos, mas claramente não se trata de um típico reflexo de luz.
É algo estranho. Algo que Pagez - e talvez eu - poderá acrescentar à longa lista de "coisas estranhas" vistas nesse povoado onde praticamente todos os habitantes podem contar sobre o dia em que, supostamente, viram um óvni.
"Aqui todo mundo viu um óvni alguma vez na vida", diz ela.
Capital mundial da observação de óvnis
Capilla del Monte, um pequeno povoado de dez mil habitantes no norte de Córdoba, é visitado por milhares de pessoas de todo o mundo em busca de experiências transcendentais, ufólogas ou espirituais.
O aviso que dá boas-vindas ao povo tem a figura de um extraterrestre verde, careca e com uma cabeça verde sobre um cartaz.
As lojas de suvenires vendem quartzos, incensos, livros sobre como harmonizar chacras e figurinhas do mesmo boneco alienígena de olhos redondos tomando fernet, uma bebida tradicional na região.
Uma vez ao ano se realiza aqui o Congresso Internacional de Onvilogia, um evento que reúne uma multidão que busca experiências holísticas e ufológicas em suas férias.
Agustín Galarza, por exemplo, viajou 600 quilômetros de Santa Fé para visitar o Centro de Informações de Óvnis localizado no pé das místicas serras que rodeiam Capilla.
"Acredito que é bom saber que não estamos sozinho", diz ele. "O governo precisa saber disso, e por isso esses tipos de lugar são importantes, para que estejamos mais bem informados."
O centro, fundado há 21 anos, fica numa pequena casa de pedras rodeada de jardins com flores e cactus sob a vigilância de uma estátua do extraterrestre verde com olhos negros e uma espécie de sorriso.
Luz Mary López é a colombiana de 23 anos que administra e dá palestras no centro.
"Aqui em Capilla se vendem muitos mitos sobre sujeitos, experiências e civilizações para além da humanidade, mas o que nós apresentamos é evidência documental de que os seres humanos não estão sozinhos", conta.
Na sala da casa, onde há um lugar para conferências e um estúdio para seu programa de rádio, há cartazes e recortes de jornais velhos e novos, locais e internacionais, das diferentes reportagens segundo as quais o mundo viu a passagem de extraterrestres.
São documentadas as linhas de Nazca, no Peru, por exemplo, assim como as pedras de Stonehenge, na Inglaterra.
E também há uma parede inteira que documenta o evento que originou toda essa história: a pegada de pássaro no monte Uritorco, a quatro quilômetros de Capilla del Monte.
Reza a lenda que um suposto óvni parou sobre uma das esplêndidas serras da região em 9 de janeiro de 1986 e deixou uma marca oval de 122 metros de largura por 64 de altura, que permaneceu no lugar por três anos.
Três pessoas que viviam próximo ao monte Pajarillo disseram ter visto nesta noite "uma nave redonda com janelinha", e depois "uma luz vermelha ofuscante" que iluminou a casa.
Os testemunhos foram divulgados no dia seguinte e a história cresceu como uma bola de neve. Foi narrada assim, como um fato, pela agência de notícias estatal, a Télam: "Um objeto voador não identificado de grande dimensões, cujas evoluções foram observadas por uma hora, desceu a ladeira de uma das colinas da Sierra del Pajarillo, a uns 12 quilômetros a noroeste de Capilla del Monte".
Com o tempo, surgiram teorias de que tratou-se de um incêndio provocado e controlado para promover Capilla como destino turístico ou que do teste de um míssil por parte do Exército.
Mas embora seja a mais importante, a história da pegada do pássaro é uma entre as muitas que se ouvem em Capilla del Monte sobre a presença de seres não identificados.
Outra, por exemplo, fala da existência da cidade de Erks, no centro do monte Uritorco, onde supostamente é guardado um "cetro" que foi confeccionado há 8 mil anos para um chefe dos Comechingón, a sociedade indígena que vivia na região e foi massacrada com a chegada dos espanhóis.
Acredita-se que neste cetro esteja a sabedoria da humanidade.
O que há no lugar, afinal?
Mas além do esoterismo, essas esplêndidas serras forradas de gramíneas têm algo de especial. Algo que talvez explique as luzes nas fotos que chegavam no celular de Alicia Pagez.
De um lado, alguns asseguram que a presença de materiais como quartzo, feldspatos e turmalinas nas rochas que compõem as serras podem gerar cargas que geram plasmas.
Mas para Edgardo Baldo, diretor do Centro de Pesquisas das Ciências da Terra da Universidade Nacional de Córdoba e talvez o geólogo que mais estudou estas regiões, "não há nada de especial nessas serras do ponto de vista puramente geológico".
"O monte Uritorco é feito de uma rocha muito comum, o granito, que tem entre seus componentes quartzo e mica, entre outras coisas. Mas todas as serras grandes de Córdoba têm essa mesma rocha, são os picos de echala (...) Não há anomalia de quartzo no Uritorco", explica.
O cientista lembra que há dois anos colegas do departamento de Física publicaram um estudo que explica as luzes como reflexo de veículos que passaram por uma estrada localizada bem atrás das serras.
"Mas na realidade, mesmo que tenha estudado a área por décadas, não saberia se as luzes realmente existem e como podem ser explicadas", conclui Blado.
Horacio Damián, um risonho camponês de chapéu e olhos pronunciados que vive sob as cavernas de Ongamira, no núcleo do suposto centro de energia, concorda.
"Isso não é para todos", diz. "Salvo as estrelas cadentes, nunca vi nada."
Fonte: Link
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